A arquitetura moderna, com suas linhas limpas e designs inovadores, moldou o cenário urbano das últimas décadas. Entretanto, a busca incessante por tendências estéticas, pode ter negligenciado aspectos cruciais como a sustentabilidade, provocando um impacto ambiental negativo, através das construções. Um exemplo emblemático disso, pode ser a proliferação de edifícios com fachadas de vidro, uma estética popularizada, como no Vale do Silício e replicada em diversas partes do mundo.

Visualmente atraentes, essas estruturas de vidro agem como verdadeiras “caixas térmicas” (estufas), aprisionando o calor do sol e elevando a temperatura interna a níveis desconfortáveis para as pessoas. Para contornar esta alteração de temperatura, o uso intensivo de ar condicionado se torna imprescindível, criando um ciclo vicioso que agrava o problema do aquecimento global. O ar condicionado, além de consumir muita energia, libera ar quente de volta para o ambiente externo, contribuindo para o aumento da temperatura nas cidades.
Escritórios com fachadas de vidro podem emitir até 60% mais CO2 do que aqueles com sistemas de ventilação mecânica ou natural. Esse dado coloca em discussão a sustentabilidade desse tipo de construção e provoca um questionamento interessante: a que custo estamos dispostos a seguir tendências arquitetônicas que prejudicam o meio ambiente?

Grandes metrópoles como Londres e Nova York já reconhecem os impactos negativos desse tipo de construção e discutem medidas para reverter a situação. A proibição total de novas construções com fachadas de vidro, ou a imposição de normas mais rigorosas para garantir a eficiência energética, estão entre as propostas.
Entretanto, a mudança não deve se restringir apenas a políticas públicas e ações governamentais. É fundamental despertar uma consciência coletiva sobre a importância de questionar tendências e buscar alternativas mais sustentáveis na arquitetura. A sociedade pode se engajar nesse debate e demandar soluções que atendam às necessidades humanas de forma responsável e com visão de futuro, através de iniciativas próprias, como criação de conteúdos que questionem uma visão mais abrangente, para a tomada de decisões quanto aos modelos de construção.
Repensar a arquitetura para um futuro sustentável exige:
- Priorizar materiais de construção ecológicos e técnicas de construção que minimizem o impacto ambiental.
- Integrar sistemas de energia renovável, como painéis solares, para reduzir a dependência de fontes de energia poluentes.
- Investir em projetos que promovam a ventilação natural e a iluminação natural, reduzindo a necessidade de ar condicionado e luz artificial.
- Criar espaços verdes integrados aos edifícios, que contribuam para a melhoria da qualidade do ar e do microclima urbano.
- Incentivar o uso de transportes públicos e a criação de infraestrutura para bicicletas, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa.

Adotar uma visão de médio/longo prazo pode ajudar a traçar metas palpáveis que possam garantir a implantação de soluções que tragam resultados efetivos para as futuras gerações. As decisões tomadas no presente moldarão o mundo em que viveremos no futuro. Agir com responsabilidade e consciência para construirmos cidades mais sustentáveis, resilientes e em harmonia com o meio ambiente.
Questionar o que nos é apresentado por meio das tendências, provoca a criação de uma consciência mais capaz de gerar mudanças. Romper com a ideia de que tendências estéticas se sobrepõem à sustentabilidade, pode gerar um grande impacto positivo na sociedade, e no meio ambiente, com enorme viabilidade. A arquitetura do futuro deve ser sinônimo de inovação, beleza e, acima de tudo, respeito pelo planeta.
